Estou aqui, caneta na mão e uma folha em branco na frente. Pensando em escrever, querendo escrever mas sem conseguir começar.
Eu encaro a folha em branco, e posso jurar que ela me encara de volta. Mas com um olhar de deboche, como que rindo da minha incapacidade de escrever. Se ela pudesse falar diria:
"Vai ficar aí parado sem fazer nada? nem uma palavra? nem um rabisco?"
Me chamaria de covarde e diria que para escrever mais um texto tosco, era melhor nem começar mesmo.
E eu vou ficando envergonhado com o desafio dela, sinto as palavras fugindo de mim, solto um suspiro e abaixo a caneta já em sinal de desistência. Como um cachorro com o rabo entre as pernas vai se afastando...
Mas então a folha me encara de volta. Mas dessa vez o olhar é diferente, como um cachorro sem dono que não quer ficar ali sozinho. Ela suplica:
"Não desista, você não pode me deixar aqui intocada! Sem você, sem suas ideias e palavras eu sou imcompleta, não cumpro meu proposito! Não me deixe eu preciso de você..."
Com esse apelo emocionado retomo a coragem e tomo uma resolução, escolho e tema e começo a escrever.