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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Folha em branco

Estou aqui, caneta na mão e uma folha em branco na frente. Pensando em escrever, querendo escrever mas sem conseguir começar.
Eu encaro a folha em branco, e posso jurar que ela me encara de volta. Mas com um olhar de deboche, como que rindo da minha incapacidade de escrever. Se ela pudesse falar diria:
"Vai ficar aí parado sem fazer nada? nem uma palavra? nem um rabisco?"
Me chamaria de covarde e diria que para escrever mais um texto tosco, era melhor nem começar mesmo.
E eu vou ficando envergonhado com o desafio dela, sinto as palavras fugindo de mim, solto um suspiro e abaixo a caneta já em sinal de desistência. Como um cachorro com o rabo entre as pernas vai se afastando...
Mas então a folha me encara de volta. Mas dessa vez o olhar é diferente, como um cachorro sem dono que não quer ficar ali sozinho. Ela suplica:
"Não desista, você não pode me deixar aqui intocada! Sem você, sem suas ideias e palavras eu sou imcompleta, não cumpro meu proposito! Não me deixe eu preciso de você..."
Com esse apelo emocionado retomo a coragem e tomo uma resolução, escolho e tema e começo a escrever.

domingo, 25 de abril de 2010

300 palavras


300 palavras, isto escrito no quadro começava a primeira aula do professor Feliciano “Se vocês pretendem ser escritores, devem ser capazes de expressar suas ideias em um texto com 300 palavras, nem mais nem menos”, dizia ele completando com um certo ar de irônia “não deve ser difícil para uma geração que está acostumada a se expressar em 140 caracteres, não é?”.
Ok, 300 palavras é coisa pra caramba e dá pra fazer um texto legal. Vai dar mais trabalho contar as palavras uma a uma, já que era pra ser feito a mão no caderno e não teríamos a facilidade do contador de palavras do processador de texto. Segundo dizia o professor o computador deixava as pessoas preguiçosas, “Já não se importam em escrever certo já que basta um botão para corrigir seus erros, muitos grandes escritores ainda preferem a boa e velha máquina de escrever”. “Bullshit”, penso eu, embora reconheça que o corretor ortográfico quebre um galho e que escrever usando uma Olivetti tem um charme especial.
“Vamos escrever sobre o que?” pergunta uma aluna, morena de óculos retangular que entra na lista da pegáveis assim que tiver o primeiro buteco da turma. “Tema Livre” responde ele. E eu, “Fodeu, vou escrever sobre o que?”. 

300 palavras é muito quando você não tem o que dizer. Ou pode ser pouco se você ficar divagando, desperdiçando as palavras sem saber aonde quer chegar. Pensei em perguntar se 300 palavras não seria um limite que castraria o pensamento do autor, e ainda citar Saramago e sua crítica ao limite de caracteres do twitter. Se seguisse meu instinto teria perguntando com aquele ar de “o engraçadinho da sala”, mas achei melhor não arriscar e levar uma resposta atravessada, ficando marcado já no primeiro dia de aula.
Pronto, é isso. 300 palavras.