O Pearl Jam chega ao décimo álbum da carreira com Lightning Bolt. Com um catalogo bem extenso nesses mais de 20 anos de estrada, a banda fez um trabalho que vai agregar alguns hit no seu setlist de 3 horas.
Quase todas as melhores canções do disco estão na primeira metade das 12 faixas do disco. A abertura com "Getaway", um rock direto como o que o quinteto de Seattle sabe fazer de melhor, começa muito bem, tem uma linha de baixa muito legal do Jeff Amment, e ajuda a criar uma expectativa alta para um disco mais pesado e punk. A segunda faixa é o primeiro single lançado, "Mind Your Manners", que também tem uma pegada punk e direta. As duas com certeza vão entrar muito bem nos shows da turnê atual.
"My Father's Son", a terceira do disco, é outra das músicas mais pesadas do álbum que infelizmente não mantém o padrão das outras.
Vem então a quarta faixa e segundo single "Sirens". A grandiosa balada rock chegou ao primeiro lugar nas paradas americanas e tem tudo para se firmar como mais um clássico da banda. A letra de Eddie Vedder casa perfeitamente com a bela harmonia composta pelo guitarrista Mike McCready, e o piano na medida certa de Boom Gaspar, praticamente sexto membro do grupo.
Na sequência vem a canção que dá nome ao disco, "Lightning Bolt". Outro rock direto e com pegada mais punk, para mim a melhor música do disco, que só podia ter um solo de guitarra um pouco mais longo no final, mas que ao vivo deve soar perfeita. O sexto posto é ocupado por "Infallible", que quase poderia ser um dos pontos fortes do álbum. A canção é boa, mas a introdução e os versos, que me parecem uma tentativa de fazer um rock com levada mais hip-hop não ficaram legais. Da ponte para o refrão, a canção se recupera e melhora, mas o resultado final acaba mediano. Se eles tivessem ouvido AM do Arctic Monkeys antes, poderiam ter acerto mais na levada inicial.
Já "Pendulum" fica como o ponto mais fraco do disco. A canção experimental bem lenta tem algumas frases de biscoito da sorte na letra, como "easy come, easy go" (Vou falar um pouco mais das letras no final), e acaba fazendo o ouvindo se desligar um pouco do álbum, que vinha bem até ela.
Seguindo com os pontos fortes do disco, vem a oitava música "Swallowed Whole". Mais uma balada rock (mais rock, menos balada), com um riff interessante no começo e que vai crescendo com bastante energia.
"Let the Records Play" é outra canção que poderia ter ficado melhor. É uma faixa mais blues, que em alguns momentos me parece uma jam descompromissada da banda. Pode ser que essa fosse mesmo a intenção deles.
"Sleeping By Myself", lembra bem os trabalhos solos de Eddie Vedder, assim como "Yellow Moon", embora essa última seja composta por Jeff Amment. São boas músicas que reforçam a pegada mais tranquila da fase atual da banda. Deve ser a maturidade, ou crise da meia-idade.
Fechando o disco vem a balada piano-violão introspectiva "Future Days". O ponto forte dessa música é que sem perceber, você vai estar cantarolando ela depois que o disco acabar.
Ao terminar o disco, algumas coisas ficam bem claras; a banda como um todo está em ótima forma, os anos tiraram um pouco da fúria do começo de carreira, principalmente nas letras que agora estão menos autobiográficas e mais reflexivas. Em alguns momentos me incomodou o excesso de clichês nelas, como citei antes.
No geral, o álbum começou muito bem e caiu um pouco da metade para o final. Particularmente, levando em conta as declarações da banda antes do lançamento e os primeiro singles, eu tinha uma expectativa bem alta e que acabou não se realizando. É um disco sólido, que confirma que a banda ainda tem muita lenha para queimar, mas que não chega a figurar entre os melhores da carreira.
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